3 de abril de 2009
Sendo uma especiaria de muito valor na Europa, este peixe passou a ser bastante comercializado, vários aviões cargueiros transportam compulsoriamente as pescas do local, em troca de armamentos, roubando assim o único sustento das populações ribeirinhas que ficam com as sobras dos peixes, o que há de pior e ainda nesta sobra disputam com larvas e urubus, estes últimos são espantados pelas crianças, enquanto as mulheres das aldeias tentam tirar as larvas que consomem o peixe que já se encontra em estágio de decomposição, para dele tentar tirar algum alimento.
Considerei o documentário muito mal feito me desculpem os jornalistas, peço desculpas especialmente ao meu amigo Valter Filé, um dos caras mais fera do estado do Rio em relação a produção de documentários que conheço. Mas neste documentário especifico duas coisas me assustaram e nisto, Vitor (um amigo do doutorado que é jornalista) e eu discutimos feio, para além da discussão da teórica sobre a Teoria de Darwin sobre a Evolução das Espécies, que tive a oportunidade de ler na integra e que é uma obra interessantíssima. Leia vale à pena!
Após os apontamentos teóricos não pude deixar de colocar que o que mais me incomodava, naquele documentário é o posicionamentos dos câmeras e jornalistas que estavam desenvolvendo. Eles filmaram algumas cenas onde crianças se espancaram até a morte e outras utilizavam os plásticos que eram trazidos em avião em um liquido que funcionava como uma droga, que era utilizadas pelas crianças com menos de 10 anos, que ficavam cheirando-nas até a morte. Isto não entra na minha cabeça que um profissional tenha esta coragem de gravar um documentário, que traz a vida real, não elementos montados como dos filmes e filma isto com uma postura de neutralidade, como se estivesse cego.
E segundo alguns colegas a filmagem era necessária pelo bem da ciência, para que as pessoas saibam de fato o que acontece, me desculpem o termo que vou usar aqui e não pude usar lá (mas que faz este tipo de documentário tem que ser preso por omissão de socorro, ele quer fazer uma denuncia, mas estando lá naquele ambiente se entende como ausente, como um produtor de ciência neutra – pro ka ra lio – esta pseudo neutralidade científica, já mais vou ver crianças, sujeitos se matando e ficar neutra, imparcial, não posso, vou tentar amenizar os conflitos e intervir naquele espaço).
Não venha me dizer que isto é ético, porque não concebo assim e mais se dependesse de mim este documentário nunca ganharia um prêmio, como ganhou, pelo contrário, os autores deveriam ser processados, por omissão de socorro.
Queridos professores, nunca esperem que eu produza ciência neutra, pois eu não acredito nela e mais; jamais me silenciarei diante de tal absurdo, o acontecimento das mortes reveladas ali neste documentário não eram necessárias, poderiam se sub-entender o seu acontecimento, mas o autor considere que ele não deve intervir na realidade, que ele só está ali para registrar. Que porcaria de profissão é esta!? Saí da aula e chorei muito, não pelas imagens que não me assustam tanto, tudo muito próximo do Brasil, mas pela imobilidade daqueles sujeitos de acreditarem que estão fazendo uma denuncia de grande importância, deixando a morte de duas crianças diante de seus olhos que se escondiam por trás das câmeras, como têm a coragem de não fazer nada?! To revoltadaaaaaaa!!!!! Porra esta gente precisa ler Marx e descobrir a distinção entre trabalho e emprego. Bem... E penso que “emprego” na execução tal qual este documentário deve sofrer críticas sociais e mais alguma “coerção” e não premiação, pela imagens chocantes, aff!!! Que mundo é este?!
Ainda bem que conheço Valter Filé que sei que é um ótimo jornalista e educador que faz excelentes e sérios documentários e estou doida pra sexta que vem encotrar com ele para saber sobre quais são "os paradigmas éticos" que regem a produção de um documentário.
Revoltas de by H. Strega
Apenas que de "lavar as mãos" o mundo tá cheio.
Te amo e te admiro!