Escritas da Alma

Às vezes, quando o estar à toa chega.

Sempre me vem algumas imagens na memória.

Elas tocam lembranças

Que estão entranhadas na expeciência da vida

Feito tatuagem eterna

Que nenhum raio laser pode apagar.

Inconformada com a impossibilidade de esquecer

Sempre que posso vou requisita-las

Em coisas guardas, presentes oferecidos e recebidos...

Nas palavras partilhadas que se perderam no tempo,

Mas que nunca foram esquecidas.



Neste momento pouco importam as mágoas

Que causei e entendi-me receber.

O estar a pensar que era movimento “à toa”

Vira a ser um ato compromissado e bom.

A alegria por segundo ou horas toma conta,

Sobre os tantos cantinhos que reizito em minha memória.

Depois de requisitar, brincar e reviver...

Pego tudo com carinho e cuidado

Embrulho calmamente cada fragmento da memória

No meu frágil lençol de lembranças

E bordados de mágicas e alegres estrelas...

Vou recolhendo cada uma com máximo de cuidado para não quebrar;

Não fazer barulho e despertar do gostoso sonho.

Quem um dia partilhou comigo estas memórias

E depois só passou a partilhar tristezas.

Durma em paz doce ser que me traz boas lembranças.

Vou embora não quero lhe acordar.

Sei que é melhor ficar de longe e ver crescer tua alegria e paz.



Ajoelho e faço uma oração agradecendo de cada coisa

Vivida e agora para sempre guardada.

Digo umas palavras mais ou menos assim:

“Não quero te acordar e nem te perturbar.

Tudo o que eu quero é poder te ver feliz.

Nunca mais te atrapalhar!

Agradeço as memórias que me deu!

O que comigo generosamente pode partilhar.

É bom ver sua alma livre velejar, sem comigo se preocupar...

Agora me sinto curada, tanta coisa passou, tudo mudou tanto de lugar.

Grata pela paciência! Sua amizade não volta.

Está livre em campos a voar, flores regar!

Voltou tão belamente poetizar!

Que Deus nos proteja!

Sempre que puder venho escondidinha as memórias revisitar”.



Saio das memórias bem de mansinho...

Tiro os chinelos, vou pé ante pé.

Tentando não fazer nenhum barulho.

Volto à realidade sinto-me estranha.

Não vou dizer que só.

Acho que deve ser nostalgia.

Guardo com carinho tudo em um lugar secreto.

Que só eu sei o caminho.

Para chegar lá não existem mapa escrito.

Tudo que existe é este texto,

Onde falo sobre a existência dele registro.

By H.Strega